UROLOGIACAU
CENTRO DE UROLOGIA E NEFROLOGIA
PETRÓPOLIS - CARLOS GOMES
Ejaculação precoce é a ejaculação que ocorre mais cedo do que o homem ou sua parceira sexual desejariam. Esta definição é extremamente importante, pois não estabelece um determinado período de tempo, entretanto, em alguns homens, ocorre antes da penetração.
Geralmente, o tempo de latência da ejaculação situa-se, em média, entre 4 a 7 minutos, após a penetração. A ejaculação que ocorre antes de 4 minutos seria considerada precoce.
Em algumas culturas e para alguns casais, a ejaculação rápida é perfeitamente aceitável. Por outro lado, mesmo para aqueles que conseguem reter a ejaculação por um longo período, a incapacidade de prolongar esse tempo pode ser frustrante, causando desconforto (sofrimento) a um ou ambos os parceiros, levando à ansiedade, menor autoconfiança sexual e dificuldade de estabelecer vínculos afetivos.
É extremamente frequente, acometendo até 39% dos homens.
A ejaculação precoce é um distúrbio psicossomático com causas predominantemente orgânicas ou predominantemente psicológicas
É importante considerar que a diferença entre orgânico e psicológico é cada vez mais difícil de estabelecer, uma vez que os problemas psicológicos desencadeiam uma resposta orgânica, e um indivíduo com um problema orgânico sempre será acometido de manifestações psicológicas decorrentes de sua disfunção.
A ejaculação precoce pode ser primária ou secundária.
A primária ocorre desde cedo; no início da vida sexual. A ejaculação nesses indivíduos apresenta as seguintes características:
1. 90% ejaculam entre 30 segundos e 2 minutos.
2. 10% ejaculam antes da penetração
3. Em 70% dos casos, a ejaculação permanece rápida ao longo de toda vida.
4. 30% pioram com a idade.
A secundária (adquirida) ocorre mais tarde, após um período inicial de atividade sexual com ejaculação normal. Pode começar de forma súbita ou gradual, relacionada à conflitos psicológicos ou de relacionamento ou ainda devido a causas orgânicas.
As causas psicológicas frequentemente estão associadas à ansiedade, início precoce da atividade sexual, frequência das relações sexuais, conflitos de relacionamento, entre outras.
Entre as causas orgânicas, poderíamos citar a hipersensibilidade peniana, disfunção erétil, prostatite crônica e doenças endócrinas. A ejaculação precoce poderia estar relacionada com predisposição genética, uma vez que foram relatados casos de predisposição familiar.
Curiosamente, a ejaculação precoce poderia ser uma vantagem evolutiva. Esse aspecto foi considerado ao observarmos algumas espécies de primatas onde a ejaculação rápida permite o acasalamento com um maior número de fêmeas.
Nem todos os casos de ejaculação rápida devem ser considerados como ejaculação precoce. Normalmente, há uma variação natural que se caracteriza por uma ejaculação rápida de periodicidade irregular, que depende do nível de estímulo, estado de relaxamento e outras circunstâncias como efeito de álcool, medicamentos, drogas e frequência das relações sexuais. Não é patológica e em alguns casos é pontual e recorrente.
Anatomia e fisiologia.
A ejaculação pode ser dividida em duas fases: emissão e ejaculação.
A emissão é um processo fisiológico envolvendo o epidídimo, deferente, vesículas seminais e o colo vesical. O processo resulta na chegada do esperma na uretra e a contração do colo vesical impede o refluxo dessa secreção para a bexiga.
A segunda fase é a expulsão. É um processo que envolve o relaxamento do esfíncter externo (aquele cuja contração permite que você interrompa o jato de urina durante a micção) e o diafragma urogenital.
O diafragma urogenital é uma estrutura muscular complexa que compõe o assoalho pélvico. No homem, há apenas uma pequena abertura pela qual passa a uretra.
A ação dessa estrutura muscular pode ser sentida parcialmente, ao contrair o ânus ou ao tentar ¨cortar¨ o jato urinário durante a micção.
Todo processo é coordenado por uma rede neurológica complexa formada por nervos periféricos, centros localizados na medula espinhal, centros cerebrais e reguladores neuroquímicos como a dopamina, serotonina e óxido nítrico.
Masters e Johnson, dividiram o ciclo da resposta sexual masculina em 4 fases:
Excitação, platô, orgasmo e resolução.
A fase de platô corresponderia à fase de excitação máxima que precede o orgasmo. Ocorre um aumento do fluxo sanguíneo nos testículos e no pênis, que atinge seu máximo grau de intumescimento. Homens que apresentam ejaculação precoce não apresentariam essa fase de platô, passando diretamente da fase de excitação para o orgasmo.
Tratamento.
Para alguns indivíduos a ejaculação precoce não é um problema importante; alguns casais adotam estratégias para contornar o problema de um modo satisfatório. Entretanto, a ejaculação precoce poderá deteriorar o relacionamento do casal, levando à ansiedade e perda da autoestima.
Tratamento medicamentoso.
O tratamento farmacológico é uma das formas de tratamento da ejaculação precoce e poderá ser aplicado através de várias drogas em diferentes esquemas de administração.
Os inibidores da serotonina são os mais frequentemente utilizados e incluem várias drogas, como a paroxetina, a clomipramina, a sertralina, fluoxetina e a dapoxetina.
A administração diária dessas medicações parece ser mais efetiva. Geralmente o efeito começa a entre o quinto e o décimo dia após o início da ingesta. Os efeitos colaterais costumam ser discretos e geralmente desaparecem após 2 a 3 semanas.
Essas drogas também podem ser utilizadas apenas nos dias de relação, ou seja, na demanda. O medicamento deve ser ingerido entre 4 a 6 horas antes da relação, porém o efeito parece ser menos efetivo que o uso diário.
O tramadol é um potente analgésico opióide que age sobre o sistema nervoso central, geralmente utilizado no tratamento de dores agudas ou crônicas, moderadas ou severas. Seu mecanismo de ação não é completamente conhecido. A administração da medicação, duas horas antes da relação sexual, parece retardar a ejaculação em alguns indivíduos.
O uso de anestésicos locais é moderadamente efetivo. Geralmente há necessidade de usar um preservativo, evitando a absorção vaginal da medicação que poderia determinar uma diminuição da sensibilidade local e anorgasmia.
Os inibidores da fosfodiesterase são medicações utilizadas para o tratamento de disfunção erétil. Drogas como o sildenafil, tadalafil e vardenafil tem sido empregadas no tratamento da ejaculação precoce com resultados variáveis. Esses medicamentos podem ser utilizados isoladamente ou em combinação com outras drogas descritas inicialmente.
Tratamento fisioterápico.
Geralmente o homem desconhece sua anatomia e fisiologia pélvica.
No tratamento fisioterápico procede-se avaliação da musculatura pélvica, quanto à presença de dor ou desconforto, reflexos e ¨mobilidade da pele¨. Há melhora da contratilidade da musculatura pélvica e através do bioffedback o indivíduo aprende a reconhecer e contrair essa musculatura
A fase de platô é restabelecida através de exercícios de percepção e fortalecimento pélvico-perineal através de técnicas de cinesioterapia, biofeedback, eletroestimulação e terapia comportamental.
Recentemente, Pastore e colaboradores relataram que 82,5% dos pacientes submetidos à reabilitação pélvica obtiveram controle do reflexo ejaculatório, com resultados persistentes seis meses após o início do tratamento.
Daniele Varela.
Fisioterapeuta
Dr. Paulo Roberto Sogari
CREMERS 10865