UROLOGIACAU
CENTRO DE UROLOGIA E NEFROLOGIA
PETRÓPOLIS - CARLOS GOMES
Há apenas alguns anos a prostatite crônica era muitas vezes atribuída a algum tipo de infecção da próstata, porém hoje sabemos que essa relação é incerta e na grande maioria dos casos é mais adequado referir-se à prostatite como uma síndrome de dor pélvica crônica (CP/DPC). As prostatites causadas por infecção correspondem a aproximadamente 5 a 10% de todos os casos, incluindo prostatites agudas e crônicas. Esse novo conceito exclui a próstata como causa dos sintomas.
Homens com dor pélvica crônica/prostatite crônica apresentam um declínio importante na qualidade de vida com impacto semelhante a outras condições doenças debilitantes. Alguns estudos demonstraram que infarto agudo do miocárdio, doenças neurológicas, sinusites, ansiedade e depressão, são muito mais comuns nesses indivíduos.
Sintomas:
A prostatite aguda causada por uma infecção bacteriana se apresentam com início súbito. Febre, ardência e dificuldade para urinar são sintomas muito comuns e frequentemente acompanhados de outras manifestações como dores musculares, enjoo, fraqueza, etc.
A prostatite crônica apresenta manifestações muito mais brandas com sintomas urinários pouco específicos. Alguns indivíduos apresentam micções frequentes, desconforto perineal, sensação de queimação durante a micção ou dor na região da bexiga que podem durar meses ou vários anos.
Alguns indivíduos podem apresentar sintomas mais generalizados incluindo cansaço, dor, incapacitação e outros, semelhante a outras doenças incluindo a fibromialgia, síndrome do intestino irritável e síndrome da fadiga crônica. Essas doenças parecem mais comuns em indivíduos com CP/DPC o que nos leva a pensar que esta possa ser apenas uma manifestação de uma doença mais generalizada.
A presença de dor nos órgãos genitais e urinários, não relacionada com qualquer tipo de infecção é o elemento fundamental para o diagnóstico de síndrome da CP/DPC.
Infecção:
Os sintomas de CP/DPC são muito semelhantes aos da verdadeira infecção prostática. Uma das hipóteses sobre as causas de CP/DPC envolve uma infecção oculta e não tratada adequadamente.
Alguns estudos têm sugerido que as doenças sexualmente transmissíveis poderiam ser responsáveis pela inflamação inicial que mais tarde, após a sua resolução resultariam em dor pélvica crônica.
Ainda que as doenças sexualmente transmissíveis possam estar relacionadas ao surgimento do problema, é pouco provável que qualquer tipo de infecção aguda esteja presente no momento do diagnóstico. Também devemos considerar que a presença de bactérias na próstata pode ocorrer em até 8% dos homens completamente assintomáticos.
Fatores neuromusculares.
Alguns pacientes melhoram com fisioterapia pélvica o que leva a pensar que a dor pode resultar de espasmos da musculatura pélvica secundários a anormalidades neurológicas. Esses distúrbios podem ter natureza sensitiva semelhante a outras síndromes dolorosas como a fibromialgia e a distrofia simpática reflexa.
Fatores psicológicos.
A dificuldade em diagnosticar e tratar pacientes com dor pélvica frequentemente faz pensar que os problemas tenham origem emocional (psicológica). Os pacientes com CP/DPC sofrem um grande impacto da doença semelhante ao que ocorre em outras doenças como o infarto agudo do miocárdio, angina e doença de Chron.
Homens com CP/DPC frequentemente sofrem de um grande ”stress” psicológico resultando em um acentuado comprometimento da qualidade de vida.
Tratamento.
O desconhecimento das causas da doença complica o tratamento dos pacientes com CP/DPC.
Os antibióticos têm ocupado um papel central no tratamento da CP/DPC com resultados variáveis. Ainda que alguns estudos demonstrem alguns resultados positivos, seu uso repetido não parece justificado em casos de falha inicial.
Resultados controversos também foram obtidos com uso de alfa bloqueadores e a finasterida (medicações comumente usadas para tratamento de sintomas urinários causados pelo crescimento benigno da próstata).
O tratamento também inclui medidas e medicações semelhantes às utilizadas na síndrome da dor pélvica crônica/cistite intersticial.
Dr. Paulo Roberto Sogari
CREMERS 10865